“Outubro Rosa” e a Luta Contra o Cancro
– Pela Prevenção e Pela Vida –
Por: Joana Capaz
Coelho
O mês de outubro é internacionalmente reconhecido como o “Outubro Rosa”, uma campanha crucial
que visa sensibilizar para a prevenção do cancro da mama. Esta campanha destaca
a importância do diagnóstico precoce como uma ferramenta vital na luta contra o
cancro, sublinhando que, quanto mais cedo for detetado, maior é a probabilidade
de cura. Contudo, esta luta vai muito além do cancro da mama – é um apelo coletivo
à prevenção de todas as formas de cancro. A minha história pessoal é um exemplo
da importância desse diagnóstico precoce.
No meu caso, acompanhei de perto a minha mãe na sua batalha contra o
cancro. Vi e estive com ela ao longo dos tratamentos, dos altos e baixos.
Lembro-me das inúmeras vezes em que a levava para as sessões de tratamento, de
como voltava para casa exausta, e dos momentos de alívio e esperança, apenas
para ver tudo reiniciar no ciclo seguinte. Havia dias em que parecia que
estávamos a vencer, mas no final, o diagnóstico tardio tornou impossível
salvar-lhe a vida. Foi uma luta dura, com muita resiliência da parte dela, mas
que terminou com a sua morte após anos de sofrimento. Este exemplo pessoal
reforça a mensagem de que a prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais
na luta contra o cancro.
A Prevenção Como Arma Fundamental
O diagnóstico precoce pode ser o fator decisivo entre a vida e a morte,
independentemente do tipo de cancro. No caso do cancro da mama, a realização de
exames regulares, como a mamografia, é essencial. A mamografia é capaz de
detetar alterações nos tecidos mamários muito antes de se tornarem palpáveis,
aumentando significativamente as hipóteses de um tratamento eficaz e menos
invasivo. É um recurso ao qual todas as mulheres devem ter acesso.
Segundo a Liga Portuguesa Contra o Cancro, “apesar de não se
conhecerem as causas exatas do cancro da mama, existem diversos fatores de
risco que devem ser tidos em conta:
- O maior fator de risco para o
cancro da mama é a idade, com 80% dos casos a ocorrer em mulheres
com mais de 50 anos;
- Mulheres que já tenham tido
cancro numa das mamas estão mais suscetíveis a desenvolver a doença na
outra;
- Alterações genéticas
herdadas dos pais podem ser responsáveis por cerca de 5% a 10% dos casos
de cancro da mama;
- O excesso de peso
aumenta o risco de desenvolvimento de cancro da mama;
- O consumo de tabaco e o consumo
excessivo de álcool estão ligados ao desenvolvimento de vários tipos
de cancro, incluindo o da mama;
- Uma primeira menstruação
precoce (antes dos 12 anos) e uma menopausa tardia (após os 55
anos) também são fatores de risco”[1].
No que diz respeito ao direito à saúde, a legislação portuguesa consagra a
proteção da saúde no artigo 64.º da Constituição da República Portuguesa[2]. Esta norma estabelece que o Estado tem a obrigação de
assegurar o acesso de todos a cuidados de saúde preventivos, o que inclui o
rastreio do cancro da mama. Programas de rastreio nacionais, como o Programa Nacional
de Rastreio do Cancro da Mama[3], garantem que as mulheres com idades entre 50 e 69
anos possam realizar mamografias de forma gratuita.
Para os interessados em aprofundar o conhecimento sobre os direitos das
pessoas com cancro, recomenda-se a leitura do guia “Direitos Gerais dos Doentes
Oncológicos”[4], da autoria da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Este
documento oferece uma visão abrangente dos direitos e apoios disponíveis para
os doentes oncológicos em Portugal.
Uma Luta Coletiva e Pessoal
O cancro afeta não apenas as pessoas que recebem o diagnóstico, mas também
as suas famílias, amigos e comunidades. Todos nós conhecemos alguém que já
enfrentou esta doença, e sabemos o quão difícil é acompanhar de perto uma luta
tão dura. No meu caso, ver a minha mãe passar por tratamentos intensos,
acompanhá-la durante horas no hospital e, no fim, perdê-la devido a um
diagnóstico tardio foi uma das experiências mais difíceis que já vivi. É uma
dor que me acompanha, mas que também me lembra da importância da prevenção.
Esta luta não é só individual, é de todos nós.
O “Outubro Rosa” é mais do que
uma campanha de consciencialização. É um apelo à ação, à solidariedade e ao
fortalecimento das políticas públicas de saúde. Assegurar que todas as pessoas
tenham acesso a exames preventivos em tempo útil pode salvar vidas – tanto no
caso do cancro da mama como no de outras formas de cancro. A luta da minha mãe
poderia ter tido outro desfecho se o diagnóstico tivesse sido mais cedo. É por
isso que devemos continuar a promover o acesso à informação, aos rastreios e ao
tratamento.
Conclusão
O “Outubro Rosa” recorda-nos que
a prevenção é o primeiro passo na luta contra o cancro. O diagnóstico precoce,
acompanhado de políticas públicas que garantam o acesso equitativo aos cuidados
de saúde, pode salvar milhares de vidas. A minha experiência pessoal mostra
como o diagnóstico tardio pode ser devastador, mas também fortalece o meu apelo
à prevenção e à ação coletiva.
Neste outubro, que a mensagem da prevenção ecoe mais forte do que nunca.
Vamos assegurar que todos, independentemente das circunstâncias, tenham a
oportunidade de se prevenir e lutar pela vida.
A palavra de ordem é: prevenir,
prevenir, prevenir!!
[3] Para mais informações,
ver: https://www.ligacontracancro.pt/servicos/detalhe/url/programa-de-rastreio-de-cancro-da-mama/
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